terça-feira, 22 de dezembro de 2015

Língua em Chamas

Além de muito triste, sobretudo porque uma pessoa nele perdeu a vida, vi o incêndio de ontem no Museu da Língua Portuguesa como algo extremamente simbólico, uma vez que coincide com o fim da fase de transição para as novas normas gramaticais impostas pela para mim desastrosa reforma de 2009. Sim. Ao menos na visão deste humilde amante da língua portuguesa, este dito "acordo ortográfico" que nos foi indigestamente enfiado goela abaixo é, qual o fogo, algo não menos do que catastrófico, uma iniciativa absolutamente infeliz, inoportuna e semeadora da confusão, que, tanto quanto o incêndio de ontem, lamento profundamente. Esdrúxulo, estapafúrdio e completo absurdo. Por isso, aos poucos que lêem meus parcos escritos, adianto, assim, aqui que, mesmo na humildade de minha posição de iniciante no ofício da escrita, não pretendo curvar-me a esta para mim verdadeira sabotagem. Não. Mesmo sabendo que doravante estarei oficialmente escrevendo errado, pretendo, na modéstia de meu simples trabalho, manter-me em dissidência no que tange a este autêntico e abusivo acinte. Quem sabe, se outros fizerem como eu, as autoridades competentes  possam um dia se dar conta da enorme lambança que operaram e ter a lucidez de retroceder contra tamanho retrocesso.
 
Gugu Keller    

3 comentários:

  1. Gugu, lamentável o fato do incêndio e lamentável também o tal acordo, que na nossa prática, não faz nenhuma diferença, seria mais um acordo para "inglês" ver. Bj.

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  2. Também vi com dor um dos nossos mais bonitos (e modernos) museus, vir abaixo com fogo e devastação. Quanto ao novo acordo ortográfico, acho que varia... alguns pontos podem ser bem compreendidos, outros nem tanto. Acho que a grande questão é que a mudança, quase sempre, vem com um pouco de inquietação.

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