terça-feira, 27 de abril de 2010

O Preço

Num post do dia 7 de março, referi-me ao equívoco que muitos cometem, inclusive o grande Cazuza, em "Ideologia", o cometeu, ao usar a expressão "risco de vida" quando o correto seria "risco de morte", lembram-se? Aí, outro dia fiquei pensando... Quando alguém morre devido a determinada circunstância, é muito comum que se diga que "pagou com a vida" em função daquilo, o que quer que seja, não é verdade? Pois eu questiono se não acaba sendo, de um outro modo, o mesmo equívoco... Não seria o certo, aqui também, "pagou com a morte"? Hum? Bem, não vou chegar a o afirmar porque aqui decerto há uma pequena diferença... No caso de um risco fatal certamente ele é "de morte"! Risco "de vida", definitivamente, posso garantir, está errado! Contudo, quanto a "pagar com a vida" ou "pagar com a morte", apesar de a segunda opção agora já me parecer a melhor, porder-se-ia argumentar em favor da primeira no sentido de que, com a morte, foi-se a vida, e, assim, portanto, mesmo sendo a morte o fato, a vida então perdida teria sido o preço pago, e que, assim, portanto, foi com ela, a vida, através da morte, que se pagou... Não sei... Vou eu próprio pensar mais um pouco a respeito... Fica aos amigos que, como eu, gostam de pensar a nossa língua, mais este convite à reflexão...
Há, contudo, ainda, uma outra possibilidade, que vem-me à mente em meus momentos mais depressivos, que, confesso, não são poucos... É que às vezes a nossa angústia é tanta que "pagar com a vida" poderia passar a fazer sentido justamente por, apesar de tudo, de toda a dor que ela tantas vezes representa, insistirmos tanto em nela continuar, em continuar nesta nossa insana busca por um tudo/nada adiante...!
Ou seja, afinal, por paradoxal que soe, tanto para quem morre quanto para quem vive, a vida, pode-se dizer, é sempre o preço a ser pago!

Gugu Keller

Um comentário:

  1. Acredito que pagar com a vida esteja certo, uma vez que só se pode pagar com aquilo que se tem.

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