sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Será que sou um chato?

Às vezes, meio, confesso, por uma certa dose de sarcasmo, mas também, igualmente admito, um pouco por diversão, gosto de questionar através da ironia algumas coisas que as pessoas, por um condicionamento muitas vezes coletivo, falam sem perceber que a rigor não têm sentido. Ou, pior, como no caso que aqui vai, que é até comum, têm exatamente, sem que elas o percebam, o sentido inverso do que na verdade querem dizer...
Eu ia entrando num elevador, quando, pelo saguão de entrada do edifício, vinha, nervoso e apressado, um sujeito meio afeminado. Vendo-me entrar, ele acelerou o passo e, vindo, pôs-se a dizer em voz alta...
- Sobe! Sobe! Sobe!
Eu obviamente ouvi mas continuei na minha. Entrei no elevador e apertei o botão do andar aonde ia. A porta de dentro já ia se fechando quando o tipo, tendo decerto dado uma corridinha, alcançou a de fora e a abriu, impedindo que o elevador subisse. Ele entrou, apertou o botão do seu andar e, suspirando enquanto me olhava feio, perguntou-me com indignação...
- O senhor não ouviu que eu ia subir? Custava esperar um instante?
Respondi-lhe...
- Eu ouvi o senhor gritar "sobe!"! Não foi isso?
- Pois então... Custava esperar?
- Se o senhor tivesse gritado "espera!", eu teria esperado... Como o senhor gritou "sobe!", eu ia obedecer e subir...!
Ele me fuzilou com o olhar de um jeito que não sou capaz de descrever. Depois, parando o elevador no seu andar, saiu pisando firme e sem olhar para trás. Quando a porta se fechou, deu-me vontade de rir...
Mas alguém vai dizer que estou errado? Será que fui "sacana"? Ou será que sou mesmo é um chato?

Gugu Keller

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